19 de abril de 2008

A Corda do Violão

Foto: Mariah

Prata incendiando a luz do cais
Que em noites franzinas escutava
O eco de gritos sangrentos...
Era pelo mar, pelo mar
invadiam calçadas disformes
E mandavam informes, vestidos em seus uniformes sem cor
Em punho, lanças brilhavam ofuscando
A luz que dormia em silêncio a guardar
A sorte dos olhares arregalados e distraídos

Eram corpos espalhados

Eram vampiros que de súbito vinham sugar meu ar,
Acordava em cóleras
A janela - corria a olhar para ver a cor do mar...
Lilás?
nem o fogo brilhava nas ondas
ofuscado
pelo sabor da dor

O parto, estava no início
Gemidos quase imperceptíveis
Latente, batia, batia...
Uma mão pousou em minha janela

Sem dedos seus anéis brilhavam
Para ninguém mais, ninguém
Não havia...

Sorrisos mordidos
Piscavam das bocas
Sem voz
Engolia seca a fumaça
Sem gosto, sem manto

De repente, as calçadas vazias
- e o ar
No sangue daquela espada
Prateava as curvas da água do mar;

Marlene 18/04/08

17 de abril de 2008

Faces

Traduza em mim, uma parte do Claro
Traduza em mim, uma parte do Escuro
E deixe a outra para juntar o que falta...

Marlene 16/04/08

11 de abril de 2008

Filmes Gozosos...

Eu e um amigo colorido, resolvemos fazer uma brincadeira e trocar linhas...

Foto: Alba Luna

Os horizontes são assim deitados, como os corpos, como a cama ao chão, como o final de um filme intenso...
Os cheiros ainda estavam lá. Sutis, incenso do México, cheiros de aromas sexuais, de comida, garfo e faca na mão ele comeu os dois, ela e a comida...
As falas, e sussurros, são quentes, apertam a nuca, retalham cabelos e corações, tem nicotina no ar...
São os dias, os sons, os tempos, passou rápido, hipnótico, sexta - sábado & domingo, atenuando o frio e a chuva com a cachaça, juntos - dentro, com apertos, com beijos travados de longo e língua...
Assim foi, ao amanhecer no domingo tudo volta, pleno de uma andança completa, de dias chuvosos, mais uma andança para os transportes, para lugares longes demais, lugares onde só a poesia alcança...

07.04.2008-Everaldo Ygor









Foto: Marlene I.Kuhnen








3 de abril de 2008

A pálida




No café-da-manhã, minhas certezas servem-se de dúvidas.E têm dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu (São Paulo) e em qualquer outra parte. Nesses dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é o meu lugar e não consigo me reconhecer em nada, em ninguém. As palavras não se parecem àquilo que dão nome, e não se parecem nem mesmo ao seu próprio som. Então não estou onde estou. Deixo meu corpo e saio, para longe, para lugar nenhum, e não quero estar com ninguém, nem mesmo comigo, e não tenho, nem quero ter, nome algum: então perco a vontade de me chamar ou de ser chamado.

Eduardo Galeano

Pego emprestado,e com uma certa inveja, as palavras de Galeano, que soube tão bem expressar sentimentos invadidos, em mim...