14 de fevereiro de 2008

Foto: Paula Rosa

Escrevo-me em lápide de sangue
Verto-me em uma única mulher
As mulheres que em mim habitam
Raspo-me com gilete envelhecida
Enferrujada...
Troco o cigarro pelo baseado
O conhaque pela pinga...
Recolho as lágrimas secas
A despentear meus cílios
Fecho-os

Marlene Kuhnen

Um comentário:

Everaldo Ygor disse...

...Sem consciência do que tenho sido, conquistado e imediatamente perdido. A virtude fria de cada manhã faz humilde e trêmulo o Ser que empunha o coração, ás vezes definha, mas mantém o punho cerrado diante o destino dessa invernada. Violento é o tempo que faz dilacerar as próprias palavras, inesgotável fonte temporal, insensível desgasta tudo, versos, Seres e até o inverno rigoroso. Para sair desse frio intenso, só lajeando o ardente Inferno de Dante, lá nem o aço, nem o ferro, nem o coração, nem os dias resistem. Amarga constatação, que recolhe em quimeras frágeis cada olhar. Colhe o soluço frio dos que sofrem. Faces geladas, oprimidas talvez, solitárias gélidas, impedidas de voar. Lírica é a palavra que é caminho, sonho, ternura e vastidão. É poesia!...