30 de agosto de 2008


O gato sem botas
De becos e guetos
Perdeu vidas, sobrou uma
Um leve fio a sustentá-la
Foto: google

22 de agosto de 2008


O gato agora andava sustenido
A meia voz de improviso
Em muro sem equilíbrio
Foto: Google

9 de agosto de 2008



Na boca do gato tinha um fio
Encravado, do seu bigode
A língua áspera limava o céu escuro

Foto: Internet

3 de agosto de 2008

O Homem Lúcido*

Foto: Marlene Kuhnen
O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer
são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento
interrompendo a sessão do circo
Pode também o Homem Lúcido
optar pela vida
Aí então
Ele esgotará todas as suas possibilidades
Ele passeará pelo seu campo aberto
pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo
com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais
e em idade avançada
cercado pelos seus filhos
e pelos seus netos
que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido
uma aura de bondade
Dir-se a:-Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida
com o consentimento dos deuses tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com
Os Homens Lúcidos
*O texto é uma livre tradução, parte de um Tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no séc. VI a.C, na Caldéia – parte sul e mais fértil da Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e Tigre.

1 de agosto de 2008

Foto: Marlene Inês Kuhnen

E logo a primavera...